A Olimpíada Brasileira de Cartografia (OBRAC) envolve as ciências da informação geoespacial, é uma olimpíada científica nacional inovadora, onde grande parte das atividades são realizadas à distância, por meio da plataforma de ensino Moodle. É realizada em equipes, cada equipe é composta por 4 alunos e um professor (o chefe da equipe). O objetivo principal da OBRAC é divulgar a Ciência Cartográfica, fundamental e estratégica para o país, e despertar nos estudantes a curiosidade e o interesse pela Cartografia com foco no conhecimento espacial para cidadania, com proposições de atividades desafiantes que estimulam o aprendizado e também, prover aos professores conhecimentos e ferramentas inovadoras para o ensino dinâmico e participativo em áreas que abrangem o conteúdo cartográfico, como geografia, história e matemática. A OBRAC tem participação de todos os estados brasileiros e o DF e é voltada para alunos do Ensino Médio e 9o ano do Ensino Fundamental, das escolas da rede pública e privada, sendo executada em Etapas e Fases. Nestas, as equipes avançam conforme seus desempenhos, como é descrito no Regulamento.
A primeira Etapa é constituída por provas teóricas realizadas na plataforma Moodle e na segunda Etapa, são realizadas atividades práticas, por exemplo, a construção de instrumentos cartográficos, mapas analógicos e digitais com abordagem social, ambiental, histórica e cultural, maquetes e mapas táteis em diferentes materiais e temas relacionados a representação do espaço geográfico, elaboração de curta-metragem/Cartografia cinematográfica. Nesta Etapa, são produzidos vídeos sobre as atividades desenvolvidas, os quais devem mostrar e comprovar o envolvimento das equipes na execução das atividades propostas. Na Etapa Final presencial, as 3 equipes com melhor desempenho nas etapas anteriores participam, no Rio de Janeiro, de uma prova prática presencial, a corrida de orientação, um esporte que alia atividades físicas e cognitivas, onde disputam as três colocações.
A Comissão Organizadora e de Avaliação da OBRAC conta com professores de Universidades públicas, Institutos de Pesquisa e Secretarias de Educação que colaboram na elaboração das provas e na avaliação das atividades práticas, compondo a Comissão de Avaliação.
As provas teóricas (Etapa I) são divididas em fases conforme o grau de dificuldade, fase 1- níveis fácil e médio e fase 2 -nível difícil. As provas abordam os elementos necessários para o domínio e compreensão da linguagem dos mapas, desde o nível mais simples da localização e conceitos de escala, coordenadas geográficas, representação do relevo e da planimetria, até os níveis mais complexos de leitura e interpretação da linguagem gráfica e da correlação dos fenômenos apresentados em sua posição geográfica (por exemplo, o cálculo de dimensões reais a partir do mapa, a localização e o cálculo de horários em função da longitude, a interpretação do avanço da Covid-19, em outras edições foram tratados em mapas o avanço da febre amarela, Zika e sarampo no Brasil e a interpretação do mapa com a distribuição de animais em ameaça de extinção no país, etc.). Para a Etapa II, prática, as equipes realizam diversas tarefas, em 2015, construíram instrumentos de medição a partir de material reciclável, elaboraram mapas sobre questões históricas e culturais ou relacionadas ao meio ambiente no entorno da escola. Na edição de 2017, aprenderam sobre a importância ambiental de Fernando de Noronha e construíram maquetes do arquipélago de Fernando de Noronha, elaboraram anaglifos (imagens para observação em 3D) do arquipélago, elaboraram Mapas com o tema Palmeiras do Brasil, o que foi muito rico, pois cada equipe procurou abordar o tema em sua região, estado ou município do ponto de vista econômico e social. Houve descobertas interessantes sobre essa espécie de fundamental importância para a economia e subsistência de diversas comunidades no país. A última tarefa foi baseada no uso de tecnologias digitais para construção de mapas de cada um dos 15 municípios finalistas na Etapa II. A edição de 2019, teve um tema que foi abordado ao longo das fases teóricas e práticas. O tema foi sobre os Refugiados, foram utilizados informações e trabalhos do Fotógrafo Sebastião Salgado, da obra Êxodos especialmente, e também do documentário do artista chinês Ai WeiWei, Human Flow – Não existe lar se não há para onde ir. As atividades práticas propostas foram voltadas para a questão da inclusão. As equipes elaboraram um mapa tátil do entorno da escola, com a finalidade de auxiliar os alunos com deficiência visual, mas antes tiveram que mapear a situação que existe e no mapa tátil fizeram uma proposta de como deveria ser em termos de acessibilidade até a escola. A segunda tarefa prática consistiu em um Story Map. Contaram a história de refugiados, de locais e situações mencionadas nas provas da Etapa I. Abordaram a trajetória de refugiados de guerras e fome no Congo, de refugiados da Venezuela, da Síria e também de desastres como a de Brumadinho (MG).
Na Edição de 2021, o tema abordado foi Cartografia: Ciência e Arte, promoveu uma discussão sobre as capacidades espaciais e cartográficas das imagens, para tanto, abordou questões relacionadas a evolução da Ciência dos Mapas. As equipes produziram um curta-metragem, com tema focado na cartografia cinematográfica ou fílmica, trabalharam com a sétima arte, e construíram uma coleção de mapas que mostrou a ocupação e situação de um lugar, ao longo do tempo, a partir de tema escolhido.
A avaliação da Etapa II é realizada por uma equipe de Professores Doutores, experientes na área de Cartografia, e por Professores do Ensino básico. Cada vídeo com atividades e relatórios, enviados por uma equipe, passa por até 4 avaliadores que seguem uma planilha de critérios que leva em consideração, dentre outros, os aspectos técnicos e a criatividade na execução das tarefas.
A Cartografia, com seu método científico, expressa fatos e fenômenos relacionados as diversas área do conhecimento. A elaboração de mapas tem compromisso social e político pois espacializam questões, temas e relações físicas e humanas presentes na sociedade e no recorte espacial envolvido nas atividades propostas.
A OBRAC proporciona um desafio do conhecimento geoespacial, mas o trabalho em equipe promove outros aprendizados, exige o convívio e a prática de compartilhar e de saber respeitar a opinião do outro. As experiências vividas pelas equipes vão além do conteúdo cartográfico, contribuem no desenvolvimento da capacidade de debater e tomar decisões em prol de um objetivo e também em prol de ações cidadãs.